Estou deprimida...profundamente deprimida...não sei como descreverão os psicólogos e os psiquiatras o meu estado actual, mas para mim estou deprimida...esgotei.
Só me apetece estar em silêncio, envolta pela segurança da escuridão e da solidão...
Analisem como quiserem, mas é assim que quero estar. Por mais que o tente explicar aos meus amigos, parece que falo para estranhos que não o percebem. As pessoas têm necessidade de intervir quando sentem que os entes queridos não estão bem, mas por mais bem intencionadas que sejam, não percebem que é uma intervenção forçada, como as daquela série os "Irmãos e irmãs", que Tem uma mãe que passa a vida a viver para os filhos e para a família, e os irmãos a interferir e a invadir a privacidade uns dos outros...
Por mais que goste da série, a mim irrita-me solenemente esse tipo de comportamento.
Se eu digo que não me apetece falar, respeitem-me...se eu digo que hoje não estou cá, respeitem-me. Por muito que custe...é egoísmo não perceber que há viagens que temos que fazer sozinhos, no nosso interior...
"E então, se necessitas de estar sozinha, porque escreves a uma escala global?", perguntam vós e muito bem...
Porque já não sei mais como gerir isto, e como não consigo gritar, escrevo. Escrevo para manter a minha sanidade, porque estou cansada de explicar sistematicamente isto mesmo a quem me rodeia.
No outro dia, eu li algo de Chico Buarque, fantástico, a propósito, sobre a solidão...e que no fim do texto todo dizia que solidão é perdermo-nos de nós próprios...
E é isso mesmo.
Eu perdi-me se mim própria e não me consigo encontrar.
Não me dêem palavras de inspiração, nem me façam festas na cabeça a dizer que vai ficar tudo bem...
Esta é a minha maior viagem, é o meu Everest...e eu não estou a conseguir lá chegar. Preciso de espaço, preciso de tempo, preciso de mim...
Hoje não direi nada...
ResponderEliminarbeijinho
Olá Manuela.
ResponderEliminarDescobri este blog à relativamente pouco tempo, e tenho-o seguido atentamente.
Até agora não me sentia muito à vontade para comentar, mas ao ver este desabafo, sinto que o devo fazer.
Percebo muito bem esse desabafo, pois quantas e quantas vezes também eu me sinti assim, e sem que muitas vezes fosse compreendido.
Nestes momentos o que queremos é estarmos sozinhos, não obstante o facto de quem está mais perto de nós, querer insistentemente que falemos a todo o custo.
Eu 38 anos, sou cego total desde os 23, e como deves imaginar, muitos desabafos teria a fazer.
Mas, por agora não lhe digo mais nada, apenas que te sintas um pouco mais confortada com esta simples mensagem.
Beijinhos para ti, e tudo de bom
Sérgio Gonçalves
Acabou de me chegar às mãos este seu espaço através da Isa Barata, do José Pedro Amaral de quem tenho a honra de ser amiga. Tenho também a honra de ser amiga da Guida Gama (não sei se conhece), sou aquilo a que se chama normal (embora só fisícamente pois não cumpro as regras graças-a-Deus)e estes meus amigos, são um exemplo vivo daquilo que um chamado "deficiente" consegue fazer na vida.
ResponderEliminarTem no seu estado que "está a pensar no estatuto de deficiente...", querida não faça isso. Isso é o que fazem a maioria dos considerados normais para arranjarem desculpas para a inércia e as "desgraças" que dizem lhes acontecer.
Ficou deficiente fisicamente, mas não vai permitir que isso lhe afecte o mais importante que é a mente. Depois do que escreve, nãome parece que a mente esteja deficiente, portanto cabeça erguida e vamos à luta, ok?
Não sei se a minha contribuição apoderá ajudar, mas se achar que sim, força!
Não existem programas de televisão e associações? Posso tentar alguma coisa? Não conheço ninguém, mas tenho uma força danada, se me autorizar, vou arrancar.
Até à sua resposta, desejo-lhe que pense que nada é por acaso... sei que é difícil, mas quem sabe tem uma missão mais importante no seu estado actual?
Abraço com muito carinho
Tornar-se uma pessoa com deficiência, a meu ver, é muito mais difícil do que você nascer com uma deficiência.Digo isso, porque também me tornei deficiente. Só quem passa por isso sabe das dificuldades, não é, Manuela?
ResponderEliminarGostei muito do seu blog, querida!
Beijinho
Oi Manuela,
ResponderEliminarConheci seu blog através de Eduardo Jorge.
Amiga, pude sentir na alma o que disse, e Entendo sua vontade de ficar consigo mesma, acho até que precisa se reconhecer, discutir com voce, brigar muito, mas aos poucos, por instantes, voce vai fazer as pazes. Não sinta que está só, eu tambem sou deficiente e sei o quanto é difícil para algumas pessoas falar nossa língua.
Me identifiquei muito com seu blog.
Bj