quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Miradouro do Adamastor

foto miradouro adamastor 1
Fotografias do miradouro antes e aquando das obras de requalificação (retiradas da net).
Visitámos recentemente o conhecido Miradouro dedicado à figura mítica do Adamastor, no bairro de Santa Catarina. Fizámo-nos acompanhar de um membro do grupo MaisLisboa.org, com o intuito de averiguar a veracidade dos comentários depreciativos encontrados nas redes sociais e, descobrir quais as qualidades de acessibilidade do miradouro após as obras de requalificação a que está a ser sujeito desde Janeiro passado.
Numa primeira análise imediatamente verificámos que os acessos para o miradouro não são os mais adequados. Existem a nosso ver demasiados erros estruturais completamente evitáveis. A olho nu podem parecer pormenores mas ao nível da acessibilidade e mobilidade são factores cruciais que condicionam altamente a vivência do espaço por parte dos cidadãos com mobilidade reduzida.
Assim…
Para aceder ao miradouro é necessário subir uma rampa mal concebida – escorregadia, devido ao material pouco aderente de que é feita, com uma inclinação aparentemente inofensiva mas acentuada e, coberta de areia fina e derrapante – e subsequentemente, percorrer um piso trepidante e escorregadio…composto por grandes pedras desniveladas…
"Rampa" de acesso ao miradouro
"Rampa" de acesso ao miradouro
Os cidadãos com mobilidade reduzida, após subirem esta primeira rampa, têm que inevitavelmente contornar o miradouro pelo lado esquerdo (através de um piso de elevada inclinação, trepidante e escorregadio) para aceder ao quiosque, porque existe um evitável lance de escadas que impede uma entrada mais rápida e directa…
Chegando ao quiosque, o acesso ao miradouro propriamente dito, é novamente interditado por mais um grande lance de escadas… Assim, estes utentes, muitos sem a capacidade de descer as escadas autonomamente, têm que fazer o trajecto inverso para aceder pelo lado direito do miradouro, única via acessível. Na verdade, a entrada directa (i.e. sem fazer este percurso inverso)  para este lado acessível do miradouro é mais uma vez condicionada pela inexistência de uma rampa de acesso directo da estrada para o passeio, existido apenas a rampa mal concebida já mencionada atrás, distante e localizada no lado oposto desta entrada.
Exemplo de alguns dos obstáculos físicos encontrados à acessibilidade no miradouro.
Exemplo de alguns dos obstáculos físicos encontrados à acessibilidade no miradouro.
A qualidade do material utilizado no piso poderá ser problemática em condições de pluviosidade potenciando acidentes que, tendo em conta a profusão de esquinas de pedra aguçadas podem ser graves…no entanto, falámos com o chefe de obra (que nos ouviu calmamente e nos respondeu a todas as questões colocadas) que nos disse que todo o pavimento seria ainda revestido com um material anti-derrapante. Será?
Piso da área envolvente e novo piso do miradouro
Piso da área envolvente e novo piso do miradouro
Esperemos também que as areias fininhas e escorregadias que existem disseminadas por todo o piso do miradouro e área envolvente (certamente em maior número devido às actuais obras) sejam retiradas, deixando o piso menos escorregadio.
A instalação de diversos blocos de pedra (com um custo seguramente acrescido) teve como objectivo a criação de bancos… mas esta opção cria potenciais barreiras de mobilidade desnecessárias.
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Blocos de pedra construídos e colocados de forma a servirem de bancos.
O pavimento junto ao termo do miradouro ou seja, junto ao corrimão de contenção, está desnivelado. Uma análise imediata parece fazer crer que se tratou de um erro de projecto. Suspeitamos que junto ao referido corrimão houve necessidade de rebaixar o piso, talvez para elevar a altura deste em alguns centímetros e esta terá sido a expedita solução encontrada pelo construtor.
A barreira do miradouro terá uma altura adequada e segura? Pareceu-nos ser demasiado baixa, especialmente com a agravante daquele imprevisto “degrau” criado pelo desnível.
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Desnível perigoso na berma do miradouro e altura insuficiente da barreira de protecção.
É pois necessário que exista um conhecimento técnico mais aprofundado e uma sensibilidade e vontade mais apuradas por parte dos projectistas, empreiteiros e órgãos da CML responsáveis pela autorização e fiscalização das obras municipais, para que estes erros estruturais (com custos acrescidos!), e que revelam uma falta de planeamento concertado e assertivo e de apreço pelas necessidades dos cidadãos, nomeadamente dos que têm mobilidade reduzida, não aconteçam e não acrescentem novas barreiras às já anteriormente existentes.
Resta-nos acrescentar que o fim desta obra “espectacular” no valor de 798,781,04 € - projectada pela empresa PROAP em colaboração com a OLIVEIRAS, S.A (entidade executante), sob a responsabilidade da Câmara Municipal de Lisboa - estava previsto para 120 após o seu início (23-01-2013). Esse prazo já foi em muito ultrapassado… 
placa obras
Placa informativa do valor da obra, data de início e duração da mesma, da entidade executante e projectistas, etc...
Ficamos a aguardar pela conclusão da obra. Que este artigo desperte as mentes e, o bom senso impere sobre o desenrasque fácil e contraproducente. Estaremos atentos!
Fonte : blogue Lisboa (IN)acessível

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