quarta-feira, 12 de junho de 2013

Campanha alerta para os perigos - Mergulhar é bom mas pode causar lesões medulares graves


Sociedade Portuguesa de Ortopedia Traumatologia (SPOT) vai lançar uma campanha de sensibilização para os perigos dos mergulhos no mar, em piscinas e noutros locais. O objectivo é prevenir os traumatismos vertebro-medulares provocados por acidentes relacionados com o mergulho.
Na época balnear de 2012, a SPOT fez um estudo prospectivo, com o apoio dos serviços de neurocirurgia e ortopedia do país, para avaliar a incidência de traumatismos vertebro-medulares causadas por mergulhos.
A conclusão foi de que "a incidência predominante dos traumatismos vertebro-medulares por mergulho ocorre nas faixas etárias mais jovens, com 43% dos acidentes em jovens até aos 19 anos e 72% se considerarmos os traumatizados até aos 29 anos", adianta Jorge Mineiro, presidente da SPOT.
Verificou-se assim que estes acidentes afectam sobretudo uma população jovem e têm consequências, na sua maioria, graves e irreversíveis como "elevada incapacidade motora e sensorial, facto esse que condiciona uma longa dependência de cuidados prestados por outros para quase todas as actividades da vida diária", adianta o especialista.
De referir ainda que os doentes com lesão neurológica completa que sobrevivem ao acidente têm um maior risco de morte nos dois primeiros anos após o traumatismo, sendo este risco maior para os doentes com danos neurológicos mais graves.
"Com sobrevidas médias de 7,4 anos as causas de morte estão geralmente associadas a outras intercorrências que geralmente se desenvolvem como por exemplo pneumonias, doenças cardíacas isquémicas e doenças urogeniais, pelo que se perceber a gravidade deste tipo de traumatismo", explica Jorge Mineiro.
A incidência predominante dos traumatismos vertebro-medulares por mergulho ocorre nas faixas etárias mais jovens.
A SPOT, juntamente com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, decidiu lançar uma campanha preventiva, alertando para os riscos de mergulhar, sobretudo em águas que não se conhecem. A campanha terá início já no mês de Junho, com acções de sensibilização nas escolas e continuará todo o verão com cartazes colados ao longo da costa nacional, de Norte a Sul, e perto das zonas balneares.
Nas sessões de sensibilização nas escolas, os especilistas vão abordar questões como os riscos, consequências e o que fazer em caso de acidente. "Quando a pessoa mergulha e bate com a cabeça no fundo, dá-se um determinado movimento da coluna que é a inflexão e impacção que normalmente parte as vertebras e comprime a medula. Esta compressão da medula pode ser irreversível ou pode de ser de uma forma não total. Mas, em grande parte, pela violência do impacto, as lesões são irreversíveis", explica Jorge Mineiro.
Quando o acidente acontece o acidentado deve ficar "imobilizado em bloco e manter a posição alinhada para não mexer a coluna cervical e agravar a lesão. Contudo, dentro de água não é uma situação fácil", conclui o presidente da SPOT.
Os traumatismos vertebro-medulares apresentam elevadas taxas de mobilidade/mortalidade e têm grande ímpacto psicológico e económico devido a hospitalizações frequentes, intervenções médico-cirúrgicas, fármacos, reabilitação lenta, morosa e crónica, e adaptação ao meio envolvente do doente e à nova condição física.


Fonte:Atlântico Expresso

Sem comentários:

Enviar um comentário