quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Estava no outro dia a pensar nas minhas aventuras mirabolantes que tenho vivído desde que estou sentada neste "trono", a pensar na coragem que de facto é necessária para me embrenhar na "selva urbana" e cheguei à conclusão que de facto sou meio alucinada.
Porquê? Porque é muito simples. Já tentaram andar nas ruas das cidades e vilas do nosso Portugal numa cadeira de rodas manual? Não? Eu passo a explicar.
Muito embora tenha saído uma lei em 1997 que regia as normas de acessibilidade ( o decreto lei 123/1997) e que foi revista e alterada pelo decreto-lei 163/2006, praticamente nada foi feito nesse sentido. Está certo que o caminho está aberto, mas não há "descobridores e aventureiros" disposto a navegar nestas novas águas, por vezes tão turvas.
Senão vejamos, edifícios públicos com escadas, sem rampas nem elevadores...Não acredito, dirão vocês...Ah, não?! E os hospitais? E os centros de saúde? E as Câmaras Municipais? E os Tribunais, as Finanças, os cartórios Notariais...Ufa, tudo o que rege e condiciona o nosso dia-a-dia enquanto cidadãos. Ah, e as escolas...1º Ciclo, 2ºe 3º Ciclo, Secundárias...enfim, a lista é tão extensa que me arrepia...
Escadas, escadas, escadas, rampas mal feitas, passeios sem desníveis que permitam atravessar para o outro lado, com largura insuficiente para uma cadeira de rodas, com a sinalética de trânsito colocada mesmo no meio do dito, contentores e ecopontos no passeio, escolham vocês.
E o estacionamento? Ah, está marcado, não está? E ocupado pelos "deficientes sociais"...
E estacionamento em sítios que não têm largura para tirarmos a cadeira de rodas do carro, em que os lancis dos passeios não permitem que saiamos do carro e subamos os ditos passeios, para termos acesso às ruas...
Buracos, empedrados, paralelepípedos em pedra, eu sei lá...mais aqueles brilhantes pinos de cimento que delimitam ruas, estacionamentos e outras coisas que não nos permitem passar...
Como digo, a lista é tão extensa que dou a escolhar a quem quiser por onde começar.
cada vez que me dizem " Devias sair de casa" só me apetece atirar para o chão e desatar a rir...para não chorar.
Ainda não falei de uma terra específicamente, a minha Vila Franca de Xira, mas fá-lo-ei, com exemplos concretos. Eu sei que "Roma e Pavia não se fizeram num só dia", mas convenhamos que já passou muito tempo. E há coisas que não carecem de programas especiais de apoio à Mobilidade para serem resolvidas, só um pouco de boa vontade. E essa parte de todos nós.
Sejamos todos agentes de mudança, peço eu neste pequeno alerta.
Olhemos para o lado ( e para baixo, porque podemos sempre cair no colo de alguém que está " sentado"...)
Sejamos solidários...não custa muito.

1 comentário:

  1. Tens toda a razão. Não citaste um exemplo que eu acho flagrante: as caixas de Multibanco... É inadmissível ter que pedir a alguém que ajude para poder fazer qualquer movimento bancário. Aliás, se fores ao Banco vais ter um problema idêntico...os balcões são tão altos que o funcionário nem te vê...
    São realmente tantas as coisas que há para mudar neste país, neste mundo...e custariam apenas um olhar realmente interessado.
    Pode ser que um dia as coisas evoluam nesse sentido...fica a esperança...
    Beijinhos

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