segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Jovem escritora tetraplégica faz das histórias um apelo para a vida
Foi na pele de contadora de histórias para crianças que encontrou a sua vocação. Agarrou a inspiração que lhe assalta regularmente e, desta vez, resolveu mostrá-la ao mundo. E nasceu “Joquinha na cidade do miau”. Um livro para crianças - e adultos - que conta a história de um gato especial. Um gato que se desloca numa cadeira de rodas, tal e qual como a autora do livro. Carol Soares é licenciada em Comunicação Social, vive em Espinho e é tetraplégica. A vida trocou-lhe os planos, mas ela adaptou-se e confessa que o livro que acaba de publicar é o reflexo dessa mudança que lhe transformou a vida.
“Este livro é o reflexo da minha própria história e pretende mostrar à sociedade que os deficientes são úteis, tal e qual, como o gato protagonista do livro que, apesar de ficar numa cadeira de rodas, continua a trabalhar e a ser respeitado” – diz a escritora, de 33 anos. Carol Soares sofreu um acidente de viação aos 24 anos que lhe empurrou para uma cadeira de rodas. Há muito tempo que se habituou à ideia e convive naturalmente com a sua incapacidade para se movimentar sozinha. “Não me conformo com a discriminação da sociedade. Os deficientes não são inválidos, podem contribuir, e muito, para uma comunidade” – garante.
A prova está no livro que acaba de publicar e, para o qual, foram precisas muitas batalhas. “Não foi fácil, mas sinto-me feliz por ter ultrapassado todas as dificuldades e por ver o meu livro publicado”. O sentimento, diz, é parecido com um acto de libertação com o qual prova que faz tudo como qualquer outra pessoa. Aliás, as histórias para crianças foram a sua principal actividade nos últimos anos. “Trabalhei durante quatro anos, em regime de estágio sem remuneração, na Câmara Municipal de Espinho, fazendo a “Hora do Conto” na Biblioteca Municipal. A falta de reposta da autarquia em termos da sua permanência remunerada levou-a a desistir da tarefa, mas não dos seus sonhos. “É a escrever que me sinto bem e quem sabe se esse não será o meu futuro profissional”. A autora tem já preparada uma nova história que deverá ser lançada em Dezembro, desta vez, o “Joquinha” parte noutras aventuras e vai para a “Nuvem da Mafalda”.
“É no papel de contadora de histórias que melhor me sinto e, por isso, este livro e a possibilidade de o publicar foi a melhor coisa que me aconteceu”.
O acidente marca uma linha profunda na sua vida, mas isso nunca a impediu de lutar pelos sonhos e por uma profissão. “Na altura custou muito confrontar-me com esta realidade, de nunca mais poder voltar a andar, mas tive que ganhar forças e hoje tenho a certeza de que sou tão capaz como qualquer outra pessoa”. As oportunidades custam, no entanto, a bater à porta. “É, por isso, que o livro é tão especial para mim, porque o vejo como uma janela aberta para o mundo”.
Os objectivos estão agora bem mais definidos na sua mente. “Quero divulgar o livro, apresentá-lo nas escolas e bibliotecas”. Por enquanto, o livro está apenas à venda no portal da editora no endereço www.papiroeditora.com, mas, em breve, poderá ser adquirido nas livrarias da cidade de Espinho.
O livro “Joquinha na cidade do miau” foi apresentado na Bilblioteca MunicipaL de Espinho. “A biblioteca estava cheia de gente e, para mim, isso foi muito gratificante”. A seu lado, contou com os familiares e amigos e com uma animação “especial” concedida pela associação “Passinhos de Dança”.
“Os Passinhos de Dança encheram o momento de magia” – recorda Carol Soares.
Fonte: 7sete
Etiquetas:
Autores portadores de deficiência
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário