segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Mulher supera doença incurável com a ajuda de um controle remoto
Conheça a história emocionante de uma mulher que renasceu aos 62 anos. Por causa de uma doença grave e incurável, ela passou os últimos quatro anos em uma cadeira de rodas. Mas agora, graças à ciência e a um controle remoto, ela voltou a andar.
“Eu estava vivendo como se estivesse em um cubículo escuro, trancafiada e sem nenhum contato com o mundo exterior”, conta a aposentada Nazaré Albino.
Aprisionada no próprio corpo, Nazaré só via o mundo que passava pelas janelas de casa. Aos 50 anos, foi diagnosticada com uma doença cerebral chamada de distonia. “Uma doença degenerativa, sem cura e que não tinha tratamento”, diz a aposentada.
A médica não escondeu o futuro que a esperava. “Ela me disse que eu não ia mais andar dali a um tempo e que a tendência é a pessoa ir se contorcendo toda, porque essa doença é distonia muscular deformante. Então, ela deforma o corpo”, explica Nazaré.
A imagem da doença ficou eternizada na obra do surrealista russo-francês Marc Chagall. A distonia é rara, e o caso de Nazaré ainda mais. Os sintomas geralmente aparecem na adolescência.
O cérebro transforma nossas intenções de movimento em estímulos elétricos que chegam até os músculos como uma ordem. Nos pacientes com distonia generalizada, o cérebro manda mensagens contraditórias, como, por exemplo, esticar e encolher o braço ao mesmo tempo. É isso que provoca espasmos e tremores.
Poucos meses depois das imagens feitas em 2007, Nazaré já não andava mais. “Era dor da hora que eu acordava até a hora que eu dormia. A única coisa que eu sabia era que hoje era melhor do que amanhã. E todo dia piorava, então eu não sabia onde ia chegar”, lembra ela.
No fundo do poço, Nazaré pensou em morrer. Na certeza de que não tinha nada a perder, procurou o cirurgião Paulo Niemeyer Filho. Ele ofereceu uma cirurgia já usada para conter tremores do Mal de Parkinson. Nos casos de distonia que começam na adolescência, as chances de recuperação são de 50%.
“Quando começa na fase adulta, o mais frequente é que seja decorrente de alguma medicação, efeito colateral de algum remédio. E esses casos não são bons para tratar com cirurgia. No caso dela, houve uma dúvida, porque não havia nenhuma causa aparente”, afirma o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho. “Ele disse: ‘Estou com você nessa. E vamos tentar’”, emociona-se Nazaré.
Na cirurgia, foi instalado um marca-passo do cérebro. Funciona assim: um gerador de estímulos elétricos é implantado na altura do peito. Um cabo corre por baixo da pele até o alto da cabeça, onde são feitas as inserções. O médico é guiado por uma imagem do cérebro do paciente com um mapa do cérebro sobreposto. Assim, ele implanta os eletrodos no ponto certo. Lá, eles emitem estímulos elétricos que anulam os impulsos do cérebro doente.
Nazaré revela como foi sair da cirurgia: “Foi muita emoção. Eu me levantei da cama sem mexer nada, sem nenhum tremor, sem nenhuma dor. Acho que foi a sensação mais maravilhosa que eu senti na minha vida”.
Os músculos dela não estavam atrofiados, porque durante anos não paravam de ser movimentados pelos espasmos. Por isso, ela saiu andando do hospital. E andando voltou para a visita de um mês após a cirurgia. Os médicos ajustam a voltagem do equipamento e Nazaré está liberada.
“Ela está um espetáculo. Quem viu a Nazaré antes e quem está vendo agora percebe que são duas pessoas inteiramente diferentes”, elogia o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho.
A nova Nazaré vem com controle remoto. “Eu tenho um botão de liga e desliga. Se eu desligar, dizem que os sintomas voltam completamente, na mesma hora”, explica Nazaré.
Um vídeo de um paciente que tem Mal de Parkinson e fez o mesmo implante de Nazaré mostra o que acontece quando o marca-passo é desativado. “É imediato”, surpreende-se Nazaré ao ver os tremores do homem voltarem assim que ele desliga o botão. “Esconde seu aparelhinho”, brinca o médico Paulo Niemeyer Filho.
“Algumas pessoas desligam para economizar a bateria do gerador. Tem um tempo de duração e, depois, você precisa operar novamente para trocar. Mas eu vou gastar a bateria toda. Não quero perder nem um minuto”, afirma Nazaré.
Fonte:http://fantastico.globo.com
Etiquetas:
Deficiência,
Reportagem,
Superação
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário