Osmar Santos nasceu em Osvaldo Cruz, interior de São Paulo, em 28 de julho de 1949. Passou a infância em Marília, para onde seus pais Romeu e Clarice se mudaram. Foi também na cidade do interior paulista que começou a trabalhar no rádio, veículo que o tornaria conhecido no Brasil inteiro pelo estilo incomparável nas transmissões esportivas. Era inovador, cheio de jargões e criativo, capaz de ditar moda entre os amantes do futebol e deixar inúmeros discípulos.
No entanto, um acidente ocorrido no dia 22 de dezembro de 1994, na estrada que liga Marília a Lins, no interior de São Paulo, encerrou sua brilhante carreira. Osmar não conseguiu desviar de um caminhão atravessado na pista, fazendo uma manobra irregular. No momento em que o locutor buscava o espaço entre a traseira do caminhão e a margem da rodovia, o motorista do caminhão, bêbado, deu ré.
A quina da carroceria atravessou o vidro da frente do carro, arrebentando o crânio de Osmar, na região frontotemporal acima do olho esquerdo. Com o impacto, o carro só parou depois de despencar numa ribanceira. Ao acordar no hospital, estava com a parte direita do corpo paralisada, conseqüência de traumatismos no cérebro. Após muitas sessões de fisioterapia e fonoaudiologia, voltou a pronunciar palavras, além de ter recuperado parte da coordenação motora.
Mas jamais retornou ao microfone. Atualmente, comanda a equipe de esportes da Rádio Globo de São Paulo, ao lado de seu irmão Oscar Ulisses. Além disso, utilizando-se da mão esquerda, pinta quadros que já foram expostos em inúmeros eventos. Adotada como terapia logo após o acidente, esta manifestação não-verbal o fez receber vários elogios. Suas telas foram avaliadas por mestres da pintura como poéticas, com cores vibrantes e iluminadas.
Osmar fez história em algumas das maiores emissoras paulistanas como Jovem Pan, Record e Globo. Extremamente ágil e tecnicamente perfeito nas narrações, ganhou notoriedade pelos jargões que caíam facilmente na boca do povo, tais como ‘ripa na chulipa e pimba na gorduchinha’, ‘é lá que a menina mora’, ‘é fogo no boné do guarda’, ‘pisou no tomate’ e ‘bambeou mas não caiu’. Sem falar, é claro, do inesquecível ‘iiiiiiii que golllllllllllllllll’, a cada vez que a bola balançava as redes. No auge, chegava a pronunciar 100 palavras por minuto sem engasgar nenhuma vez. A dramaticidade que impunha a cada lance era capaz de prender o ouvinte durante a partida inteira. Conseqüência direta de sua veia poética aguçada. Osmar devorava obras de nomes como Carlos Drumond de Andrade, Camões e Eça de Querós.
Osmar trabalhou também na televisão. Passou pelas redes Globo, Record e Manchete, mas vale destacar sua participação no inesquecível ‘Balancê’, programa de variedades que fez história. Em 1984, ficou conhecido como o ‘locutor das Diretas’ devido a seu engajamento na campanha que pretendia instituir novamente as eleições diretas para presidente do Brasil. Subiu no palanque ao lado de ícones da política nacional como Franco Montoro, Leonel Brizola e Luis Inácio Lula da Silva.
A Copa do Mundo de 2014 poderá prestar uma homenagem a Osmar Santos, considerado um dos maiores narradores esportivos do Brasil. No país, ganha força a campanha para que a bola do Mundial seja batizada com o nome de "Gorduchinha", fazendo alusão à frase "pimba na gorduchinha", um dos vários bordões que "O Pai da Matéria" utilizava durante suas transmissões.
A ideia de criar o movimento foi orquestrada pelo amigo Delen Bueno, que recebeu rapidamente o apoio do próprio Osmar Santos. "Quando terminou a Copa de 2010, na África, eu fiquei com isso na cabeça: 'uma hora vou fazer essa homenagem ao Osmar. Mas guardei. Em dezembro do ano passado, fui almoçar com ele para convidá-lo ao meu casamento. Nisso dei a ideia de colocar o nome de 'Gorduchinha' e ele topou na hora", explicou, em contato telefônico.
Fonte: Terceiro Tempo
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