sábado, 8 de maio de 2010

telefones públicos...

E os portadores de deficiência, quais usam?

Para quem tem sentido de humor...

Sexualidade em deficientes motores

Uma coisa em que raramente se ouve falar é na sexualidade nos deficientes motores. Talvez por indiferença ou por falta de conhecimento do assunto, quando ouvimos falar em sexualidade, na escola ou noutras instituições, ninguém se lembra de abordar quais as diferenças que existem para pessoas com mobilidade reduzida.
Após a lesão na medula por vezes “o sexo” é visto como uma coisa do passado. Mas isto não é necessariamente verdade, até porque sexo não inclui apenas o coito. Cada vez mais se tem vindo a tomar consciência deste facto, incitando a exploração da sexualidade de cada um.
O governo suíço decidiu já dar um passo à frente neste tema.
"O governo Suiço decidiu formar acompanhantes eróticos para pessoas portadoras de deficiência. Um passo gigante no reconhecimento do direito ao prazer.
Os objectivos desta formação prendem-se com questões muito simples: por exemplo, uma mulher tetraplégica pode apenas querer sentir a pele de um homem junto da sua, ou um jovem autista pode desejar ver uma mulher nua, ou um homem com espasticidade dos membros superiores pode necessitar de ajuda para se masturbar… isto pensando no princípio da heterossexualidade, no entanto aplica-se a orientações sexuais distintas, obviamente.
Os domínios prioritários da formação focalizam-se no conhecimento das deficiências, no enquadramento legal e jurídico, na dinâmica institucional e em questões anatomo-sexuais. É necessário preencher determinados critérios para se candidatar a acompanhante erótico (idade, profissão, estado de saúde…) e os assistentes sexuais serão supervisionados pela Association Suisse Sexualité et Handicap Pluriels - SEHP. "
Quem sofre de lesão na medula ou o/a companheiro/a de alguém com este problema deve sempre procurar esclarecimento e ajuda. O facto de se ser deficiente motor não deve nunca ser encarado como uma diminuição da pessoa, nomeadamente pelos sogros da pessoa em causa que tendem muitas vezes a desejar “melhor” companheiro/a para a/o filha/o, ou seja, alguém que não sofra destas dificuldades! Como se isso tornasse as pessoas mais felizes…
Se estiverem interessados neste assunto convidamo-vos a visitar o site http://www.d-eficiente.net/, bem como o seu fórum, onde este e outros assuntos relacionados com deficientes motores são abordados.

Viver a sexualidade é um direito de todos - Por Jorge Rocha


Por Jorge Rocha
“(...) A nossa sociedade, convulsiva e mutável, não me parece caminhar no sentido de mais egoísmo(...) Se portanto, vamos no sentido de mais convívio, mais humanidade, é muito provável que vamos também para uma maior abertura ao outro, talvez diferente de si, mas do qual não se pode ignorar nem rejeitar a diferença”. (Simon, 1991)
A Declaração Universal dos Direitos Humanos é inegavelmente um marco de referência para o posicionamento do ser humano no Mundo, na sua dimensão individual e social. Proclamando os direitos do Homem e as suas liberdades fundamentais, a dignidade e valor da pessoa humana, justiça social e paz, serviu de base a outras convenções, acordos e instrumentos internacionais que imprimiram um cariz específico aos princípios consignados na Declaração, destacando-se as “ Normas sobre a Igualdade de Oportunidades para as Pessoas com Deficiência”. Nações Unidas(1994)
Produto de particular atenção por parte das Nações Unidas e de outras organizações internacionais e nacionais, as Normas colocam a tónica na dimensão sócio-ética, assente em argumentos humanistas que defendem a igualdade de oportunidades e os direitos das pessoas com deficiência, exaltando-se a importância da participação, poder de decisão e escolha dessas pessoas no que concerne a actividades e papéis inerentes a áreas decisivas da qualidade de vida, nomeadamente a Acessibilidade, Educação, Emprego, Vida Familiar e Dignidade pessoal, Cultura, etc.
Seguindo estas linhas orientadoras, alguns países europeus têm desenvolvido medidas jurídico-legislativas e psicológico-educacionais consentâneas com os princípios de inclusão e normalização. Apesar da experiência e dos conhecimentos acumulados na área dos direitos humanos e, em particular nos direitos das pessoas com deficiência, onde o “slogan” a salientar tem sido a qualidade de vida, a sociedade deste novo milénio continua com sérias dificuldades em perceber que proporcionar unicamente condições objectivas a essas pessoas, não é suficiente para lhes garantir qualidade de vida, pois esta envolve a “(...) interacção de factores objectivos e subjectivos diversos, mas que em última instância só ganha sentido no âmbito da experiência subjectiva de cada um e não no significado que observadores a exteriores lhe possam atribuir(...)”(Manual dos Curriculos Funcionais). Esta consciencialização acerca do que é qualidade de vida das pessoas com deficiência mental torna-se fundamental em áreas determinantes, entre as quais salientamos - por constituir matéria para este artigo – as seguintes dimensões: interacção e relações sociais (relações com os membros da família, relações de amizade, de intimidade e afecto, grau de iniciativa nas interacções sociais, diversificação das relações interpessoais, etc); bem-estar psico-afectivo ( sentimento de pertença e aceitação nos diferentes grupos sociais, sentimento de felicidade, sentimento de dignidade, auto-estima, etc) e autonomia e poder de decisão ( escolhas, preferências e decisões pessoais, objectivos e expectativas pessoais, valores, etc).
Contudo, não faz qualquer sentido falarmos destas dimensões da qualidade de vida da pessoa portadora de  deficiência mental quando, ao mesmo tempo, se lhe é vedado o direito à sua sexualidade e afectividade. Se pensarmos que a sexualidade se  revela, segundo a Organização Mundial de Saúde, como “(...) uma energia que nos motiva para encontrar amor, contacto, ternura e intimidade; ela integra-se no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ao mesmo tempo ser-se sexual. A sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, acções e interacções e, por isso, influencia também a nossa saúde física e mental”, facilmente percebemos que é através dela que passa toda a experiência e auto-consciência de um indivíduo: a pessoa percebe, sente, pensa e deseja. López e Fuertes (1999, p.7) referem a esse propósito que “ (...) o Homem é um ser sexuado; a sexualidade mediatiza todo o nosso ser.” Neste sentido, toda a problemática da sexualidade remete-nos, inevitavelmente, para o desenvolvimento humano e para a própria complexidade que o caracteriza. Sendo a sexualidade uma dimensão da personalidade, não se pode negar à pessoa portadora de deficiência mental a liberdade de viver e expressar a sua sexualidade. Entenda-se que ao falarmos de sexualidade estamos a falar de uma realidade que não se esgota no acto sexual. Ela é também e ,sobretudo, amizade, carinho e relacionamento pessoal. Possuir amigos, partilhar interesses, relacionar-se e experimentar sentimentos de união são algumas das necessidades mais profundas de todo o ser humano. A pessoa portadora de deficiência mental deve aprender desde logo a reconhecer a sua individualidade, compreender o comportamento social e o seu comportamento como membro de uma sociedade, conhecer a sua própria vulnerabilidade e, essencialmente, saber escolher, decidir e desenvolver a sua própria sexualidade.
Sendo assim, deparamo-nos com um grande desafio: garantir a normalização da vida afectivo-sexual dessa população.
Conseguirá a nossa sociedade responder a este desafio?
 Ao caminharmos num sentido mais humanista - reconhecido nos movimentos actuais de índole social, educacional, psicológico e legislativo – seria contraditório e inconcebível que não se respeitasse e reconhecesse o direito à sexualidade e à educação sexual daqueles que são “diferentes”.