sexta-feira, 30 de julho de 2010

Cadeira de rodas com nova tecnologia proporciona mais liberdade a paraplégicos

O designer David Bulfin desenvolveu a iBot DEKA, uma cadeira de rodas cheia de inovações concebidas para capacitar as pessoas com deficiência a viver normalmente e não dependerem de nenhuma infra-estrutura de acesso. 

Essa cadeira de rodas foi baseada na tecnologia Segway, e usa uma estrutura de rodas modular que dá a paraplégicos a capacidade de sentar, levantar e subir escadas com mais conforto e independência. A DEKA possui um sistema que, quando o usuário se desloca para uma postura ereta, se ajusta automaticamente ao corpo do mesmo alterando a sua forma.

Outra vantagem do produto é que ele possui um sistema de computação que trabalha com um servidor em casa, ou seja, a cadeira de rodas se torna um dispositivo de estilo de vida, pois possibilita que o usuário manipule GPS de navegação, por exemplo. 

Caso o usuário caia da cadeira, há um outro dispositivo que faz com que a DEKA localize e aborde o mesmo. Além disso, também funciona como braço da chave sem fio, com funcionalidades básicas de controle remoto. 


Por fim, essa cadeira de rodas possui quatro pequenas rodas avulsas para uso interno, que permitem alta manobrabilidade em torno de mobiliário e através das portas. Sobre as rodas principais, a cadeira de rodas iBot DEKA pode atingir uma velocidade máxima de 10 mph. 

Fonte: http://revistapegn.globo.com/  (29/07/2010)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Plano de Acção para a Integração das Pessoas com Deficiência ou Incapacidade

Logotipo PAIPDI

Plano de Acção para a Integração das Pessoas com Deficiências ou Incapacidade


O Plano de Acção para a Integração das Pessoas com Deficiências ou Incapacidade (PAIPDI) foi adoptado pelaResolução do Conselho de Ministros nº120/2006, de 21 de Setembro.
Este primeiro Plano de Acção define um conjunto de medidas de actuação dos vários departamentos governamentais, bem como metas a alcançar no período compreendido entre 2006/2009 com vista a criar uma sociedade que garanta a participação efectiva das pessoas com deficiência.
O Plano tem cinco objectivos estratégicos:

  1. A promoção dos direitos humanos e o exercício da cidadania.

  2. A integração das questões da deficiência e da incapacidade nas políticas sectoriais.

  3. A acessibilidade a serviços, equipamentos e produtos.

  4. A qualificação, formação e emprego das pessoas com deficiências ou incapacidades.

  5. A qualificação e formação dos profissionais que prestam serviços às pessoas com deficiências ou incapacidade.
Paralelamente, foi criada uma Comissão de acompanhamento coordenada pelo INR, I.P., que faz a avaliação e monitorização da execução do PAIPDI.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Programa RAMPA

Programa RAMPA

As autarquias e comunidades intermunicipais podem, a partir desta segunda feira, candidatarem-se ao programa RAMPA, que visa eliminar barreiras físicas e arquitectónicas, e que financia cada projecto até ao máximo de 300 mil euros.
Da responsabilidade do Programa Operacional Potencial Humano (POPH), o “RAMPA” (Regime de Apoio aos Municípios para a Acessibilidade) é a segunda geração de planos de promoção de acessibilidades.
O gestor do POPH, Rui Fiolhais, explicou à agência Lusa que na primeira fase aderiram 58 promotores, que fizeram o diagnóstico, mas “ainda não deram o passo seguinte, que é o desenho da conceção de um plano”. O investimento envolvido foi de cerca de 9.3 milhões de euros.
O POPH pretende agora “maior visibilidade” e através do programa “Rampa” apoiar a “elaboração de planos locais ou regionais que promovam as acessibilidades no espaço público”.
“No fundo, é um programa ao serviço da melhoria da qualidade de vida, da mobilidade urbana, tendo como grande pano de fundo e preocupação a melhoria da acessibilidade para as pessoas com deficiências ou incapacidades”, afirmou o responsável.
Este programa pode apoiar e financiar três tipos de actividades: o diagnóstico, ou seja o conhecimento do terreno; a formação e sensibilização de arquitectos, técnicos e cidadãos com deficiência e o desenho de planos de promoção da acessibilidade.
O apoio do POPH termina “à porta da obra” porque o objectivo é “estimular respostas ao nível das autarquias para um problema de fundo, que é a criação de condições de mobilidade urbana adequadas”.
Rui Fiolhais lembrou que como as intervenções são em espaços partilhados por qualquer tipo de pessoa, “o número de beneficiários excede sempre o perímetro dos cidadãos com deficiência”.
A expetativa nesta fase é de “alargar em mancha de óleo o número de câmaras e entidades municipais que se candidatem ao programa”.
O investimento, anunciou o responsável, deverá ser superior ao da primeira fase, mas sem ser “necessariamente preciso” porque existe “alguma folga” para ajustar a resposta em função das candidaturas apresentadas.
As candidaturas fecham a 14 de Setembro de um programa que pode apoiar até 300 mil euros e uma execução de três anos.
Fonte: Construir
O “RAMPA” será apresentado esta sexta feira, na Universidade de Aveiro, com a presença de Idália Moniz, Secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação.

Reportagem - Os meus caminhos estão cheios de montes Evereste

jornal.publico.pt/noticia/11-07-2010




Durante um dia, pusemo-nos no lugar da pessoa com mobilidade reduzida. Foi um inferno.
Por Marisa Soares
O Pedro, 33 anos, tem paralisia cerebral e um grau de dependência de 90 por cento. No gabinete do Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia, em Lisboa, onde trabalha como investigador, circula à vontade com a cadeira de rodas eléctrica, mas nem sempre foi possível nos sítios por onde passou. Hoje a escola dele é mais acessível, mas ainda não é assim em todos os estabelecimentos. "A sociedade não aprende", diz, admitindo que é pessimista.
Ou será realista? A julgar pelo diagnóstico traçado por Celeste Costa, dirigente da Cooperativa Nacional de Apoio a Deficientes, o Pedro tem razão. "A maior parte das escolas não está preparada para receber crianças com deficiência motora. As bibliotecas são, quase sempre, no primeiro andar sem elevador. Em grande parte dos estabelecimentos, não há casas de banho adaptadas", afirma, sentada na cadeira de rodas que usa há seis anos, à custa da poliomielite que a atingiu aos seis meses. Há melhorias, admite, mas não chegam. "Ainda há muito a fazer, sobretudo no campo das mentalidades."
Há experiências que podem ser descritas, mas que só são compreendidas depois de passarmos por elas. E isso foi uma das certezas com que fiquei depois de me pôr no lugar destas pessoas, sentando-me numa cadeira de rodas. A vida fácil acabou logo à saída de casa. Quando falo da grande inclinação da rampa de acesso ao meu prédio, o experiente Pedro sabe do que me queixo. "A tua rampa é do estilo lança-rockets." Descer por ali, sozinha, em cima de uma cadeira de rodas implica, na certa, sair disparada para o outro lado da estrada, ou antes disso espalhar-me ao comprido. Então, para que serve, se não facilita a passagem? Aí está uma boa pergunta.
Pedro aprendeu há muito que a simples colocação de rampas não garante nada. Para isso, estas estruturas teriam de cumprir a lei - não ter mais do que seis a oito por cento de inclinação - o que nem sempre acontece. Mas esta é a mesma lei que permite aos condomínios vetar a instalação de uma rampa no edifício. "A rampa ainda é inestética para quem não precisa dela", afirma. E entre a estética e a função adivinhem lá quem ganha...
Barreiras sucedem-se
"Acusam-me de demagogia", conta Celeste, "quando desafio os políticos a irem trabalhar um dia de cadeira de rodas, para verem como é." Têm medo, talvez. E eu percebo-os, por um lado. Quando me disseram "Vais alugar uma cadeira de rodas e andar por aí", também tive medo. Mas admito que nada melhor do que sentir na pele as dificuldades, para compreender a vida destas pessoas.
O desafio é passar um dia na cadeira de rodas e tentar cumprir a rotina diária. Alugo a cadeira (já depois de ter experimentado uma emprestada), e estaciono-a num canto da casa, à espera. Só com a ajuda de alguém, um "anjo da guarda"me lanço à aventura.
Os problemas começam ainda antes de chegar à rua. O apartamento, de portas e corredores largos, passa na prova (a casa de banho também é adaptável), mas, à saída, o primeiro obstáculo: o elevador, demasiado apertado. Retiro o apoio da cadeira para os pés e só assim consigo entrar e descer do oitavo andar ao rés-do-chão.
A partir daqui, as barreiras sucedem-se. Três degraus para chegar à porta do prédio e mais cinco degraus para chegar à estrada. Ao lado, a tal rampa "lança-rockets". Tento descer. "Essa rampa não é indicada para cadeira de rodas", diz-me a administradora do prédio. Fico a saber que, afinal, a rampa está ali para permitir a circulação das motas que estão à venda numa loja do rés-do-chão. Dúvida esclarecida.
Então, como entram e saem do prédio as pessoas em cadeira de rodas? "Bem, podem ir pela garagem, [mas] só cá vem uma senhora idosa em cadeira de rodas, de vez em quando."
A lei permite que o meu prédio, construído antes de 1997, só seja acessível em 2017. E se as obras de adaptação forem "desproporcionadamente difíceis" ou caras, nem é preciso. Até lá, nota mental: não convidar amigos com cadeira de rodas para jantar.
Sigo viagem até ao comboio, que apanho diariamente. Encontro um jipe estacionado à saída da passadeira, em cima do passeio (que até é rebaixado, mas não tem pilaretes de ferro). Por isso, sou forçada a seguir pela estrada, lado a lado com os carros, em contramão.
Quando consigo voltar ao passeio, "tropeço" nas pedras soltas da calçada, nas caixas cinzentas que abrigam os contadores da electricidade e da água, e nas bocas-de-incêndio "plantadas" lá no meio. Para além disso, são muitos os passeios que não têm 1,20 metros de largura, como exigido por lei. É melhor regressar à estrada.
Transportes inacessíveis
Ultrapassado o caminho para a estação, tento apanhar o comboio. Dias antes, a operadora do Serviço Integrado de Mobilidade (SIM) da CP, que presta assistência no embarque a pessoas em cadeira de rodas, disse-me que a estação que utilizo - Barcarena, na linha de Sintra - não está abrangida por aquele serviço. Mesmo que estivesse, teria de pedir ajuda 48 horas antes, só nos dias úteis. Pouco prático. Talvez por isso, das 1015 chamadas que o SIM recebeu em 2009, apenas 88 pessoas pediram assistência.
No meu caso, afinal, a informação até estava errada. A estação de Barcarena está incluída no SIM, tal como 18 das 28 estações da linha de Sintra. A CP tem também um tarifário especial para acompanhantes de pessoas com incapacidade de 80 por cento ou mais, mas não nas linhas urbanas.
A composição chega, pára, e as portas abrem-se. A um primeiro degrau, afastado alguns centímetros da plataforma, segue-se outro, que me parece alto de mais, mesmo com ajuda. No período - curto - entre a abertura e o fecho de portas, fico paralisada e recuso entrar. Não sou capaz. A verdade é que, desde que uso o comboio, nunca encontrei alguém em cadeira de rodas. E algo me diz que não sou a única com medo.
"Deixei de usar transportes públicos há 30 anos", conta Jorge Falcato, 56 anos, paraplégico desde os 24. De casa, em Chelas, para o trabalho, no Campo Grande, este arquitecto desloca-se sempre num carro adaptado. "Senão tinha de vir de táxi", diz. Mas de táxi também não teria muita sorte. Em todo o país, há apenas 11 táxis adaptados. Nenhum deles em Lisboa ou Porto.
Alternativas? Para ir até ao centro de Lisboa, poderia utilizar os autocarros da Vimeca, que ligam vários concelhos limítrofes à capital, incluindo Sintra. Dos 232 autocarros, 107 estão adaptados. Também a Carris, em Lisboa, tem 320 autocarros com rampa de acesso a cadeira de rodas, num total de 752 veículos. Por mês, há cerca de 250 pessoas a utilizá-los.
O número reduzido não surpreende Pedro Oliveira. "Fiz as contas. Desde que o autocarro pára até que volta a arrancar, são pelo menos cinco minutos para o passageiro entrar com a cadeira de rodas. Mais três minutos para sair. Isto em hora de ponta, em Lisboa, é impensável", sublinha. "Aí, o factor de inclusão no design para todos vai por água abaixo."
Volto para trás, e peço boleia, de carro, para o trabalho. Até porque mesmo que tivesse ido de comboio e depois seguido no metro, não poderia sair nas estações que utilizo habitualmente, porque nenhuma tem acessibilidade. Das 46 estações do metro de Lisboa, apenas 27 têm acessibilidade plena (com elevador). Mesmo nestas, como é que se sai se o elevador está avariado?
Ter um carro adaptado parece ser a melhor solução. O problema é que perto do trabalho não há lugares reservados a estes veículos. "Mesmo quando há, os outros automobilistas não respeitam e ocupam-nos", diz Celeste Costa. Passando, com ajuda, o pequeno degrau à entrada do edifício onde trabalho, é fácil subir até à redacção, de elevador. Os corredores da sala são largos. Mas falta a casa de banho adaptada.
Vou entregar a cadeira, de carro, e volto de metro. Já não reparo nas pedras levantadas, nos passeios altos, nos degraus que, há horas, me pareciam um monte Evereste. "Não podes construir um mundo ideal", dizem-me os amigos. Será que um dia deixarão de ter razão?

No futuro Robots para facilitar a mobilidade

Cadeiras de rodas que andam em todas as direcções, ou robots que assinalam os "pontos negros" da acessibilidade no espaço público. Não é um filme de ficção científica, mas sim tecnologias que poderão tornar as cidades mais acessíveis a quem sofre com a mobilidade reduzida, num futuro não muito distante.
Uma das ajudas do futuro é de produção portuguesa. Falamos da cadeira Enigma, desenvolvida por investigadores da Universidade do Minho. Feita com base nas rodas dos robots futebolistas que a equipa do Departamento de Electrónica Industrial tem construído, a Enigma tem uma vantagem digna de nota: anda em todas as direcções.
Através de um comando eléctrico, o utilizador pode controlar a cadeira e movimentar-se mais facilmente do que com uma cadeira de rodas tradicional. "Criámos um protótipo, que suporta uma pessoa até 120 quilos", explica Fernando Ribeiro, coordenador da equipa. O projecto deu origem à empresa Soluções de Automação e Robótica, umaspin-off da Universidade do Minho, que está agora a desenvolver um protótipo final, com mais funcionalidades. "Queremos colocá-la no mercado quando tivermos 200 por cento de certeza da sua fiabilidade."
Mais direccionado para decisores e técnicos que planeiam as intervenções no espaço público está outro projecto que só existe ainda no papel. Intitulado Avaliação automática de mobilidade e acessibilidade em espaços públicos, poderá facilitar a elaboração dos futuros planos locais de acessibilidade. Desenvolvido por investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e a Escola Superior de Design, o projecto prevê a construção de um robot que fará o diagnóstico das condições de acessibilidade em espaços.
"O robot vai fazer o trabalho de campo. Actualmente, os diagnósticos são feitos pelos técnicos, eventualmente usando equipamentos, para analisar, por exemplo, o quoficiente de escorregamento", explica Paula Teles, aquitecta que integra a equipa da UTAD. "O robot vai medir automaticamente todos os parâmetros, para garantir que não vai ser criado mais um obstáculo", esclarece a especialista. Para já ainda só existe uma proposta de financiamento, falta a resposta final. A ser aprovado, o projecto deverá durar três anos Marisa Soares

Fonte : jornal.publico.pt/noticia/11-07-2010

A cadeira de rodas é um outro apartheid



As cidades podem ser um inferno para quem sofre de mobilidade reduzida. Apesar dos apoios. Apesar dos apelos e das campanhas. A partir de amanhã, há mais milhões para tirar obstáculos do caminho. Até agora, o que fizemos? Pouco, muito pouco Por Marisa Soares


"As cidades não estão preparadas para nós." Jorge Falcato, 56 anos, paraplégico desde os 24, lamenta-se enquanto aponta para locais onde a sua cadeira de rodas, muitas vezes, não entra. Edifícios públicos, restaurantes, discotecas, monumentos, transportes públicos, espaços verdes. "Limito a minha vida aos locais onde tenho a certeza que posso ir." "Não conheço bem a minha cidade." Que cidade é esta, livre para alguns, acessível para a maioria, uma prisão para outros que se tornam uma minoria invisível?
Há um exercício que se pode fazer e que resulta elucidativo: assinalar a negro num mapa todas as barreiras que encontramos numa cidade, por exemplo Lisboa. Jorge Falcato, que se move numa cadeira de rodas há 32 anos, já se deu a este trabalho, recorrendo a autocolantes. O arquitecto garante que se tivesse marcado cada obstáculo com um ponto negro, o mapa da capital transformar-se-ianuma "enorme mancha negra". Pessoas com mobilidade reduzida vivem ainda "um regime de 
apartheid não decretado e invisível aos olhos do cidadão comum". Pedro Oliveira, a quem a paralisia cerebral não impediu de ser investigador na área da ciência e tecnologias de inovação, tem outra crítica: "A acessibilidade ainda não é uma questão estratégica para o país." Quem sofre na pele as agruras de muitas pessoas com mobilidade reduzida considera que "devia haver incentivos, tal como há para a inovação tecnológica". Porque Portugal tem "um dos melhores sistemas internacionais de legislação sobre a deficiência". Mas a lei não basta.
O diploma sobre a promoção da acessibilidade, de 2006, é generoso, como acontece muitas vezes, mas os resultados até agora são, no mínimo, insuficientes. A legislação previu que em 2017 as cidades portuguesas estariam livres de barreiras físicas e que os espaços públicos seriam acessíveis a todos, sem excepção. É o princípio da não-discriminação. "A acessibilidade é uma questão de direito", sublinha Falcato. O problema é que uma promessa tão antiga poderá não ser cumprida tão cedo.
"Os privados ainda não perceberam que a acessibilidade é um bom investimento", até porque as pessoas com mobilidade reduzida nunca andam sozinhas. No turismo, o país ainda não fez o trabalho de casa. Segundo um relatório de avaliação de Fevereiro de 2010, dos 13 locais que Portugal tem classificados como património mundial, apenas dois têm acesso parcial para cidadãos em cadeira de rodas. Já os oito casinos do país são completamente acessíveis.
Em Lisboa, a parte antiga e mais turística da cidade - como o Bairro Alto e Alfama - é inacessível. "É uma pena não conseguirmos ir ao Castelo de S. Jorge com os nossos clientes", nem ouvir fado, lamenta Ana Garcia, directora da agência de viagens Accessible Portugal, a primeira agência vocacionada para viagens e turismo acessível para pessoas com mobilidade reduzida. "As ruas são estreitas, não há estacionamento, há pinos a fechar as ruas...", nota. Com o envelhecimento cada vez mais acentuado da população - o que aumenta o grau de dependência - e a expansão do turismo senior, vamos querer ficar para trás?
A primeira legislação nesta matéria é de 1982, mas foi revogada depois de o então primeiro-ministro, Cavaco Silva, ter adiado a sua entrada em vigor. "Mais de 50 por cento das habitações foram construídas depois disso. Podíamos ser hoje um dos países mais acessíveis do mundo", sublinha Falcato, arquitecto de profissão. Mas perdemos a oportunidade. Porquê? "Os políticos não quiseram abrir os cordões à bolsa."
Pouco foi feito
"A maior parte das autarquias não tem meios para as obras, nem as define como prioritárias", assinala por seu lado o arquitecto Pedro Gouveia, especialista nesta matéria. Ao contrário do que acontece, por exemplo, na Catalunha, em Espanha, onde dois por cento do orçamento municipal se destina a eliminar barreiras físicas, tal não está previsto na lei portuguesa das finanças locais. "Não há um verdadeiro compromisso", vinca Gouveia.
Se nos anos de 1980 era caro tornar um edifício acessível, hoje será muito mais. Por isso, "reservar um por cento dos orçamentos locais para esses fins seria um bom começo", propõe Paula Teles, arquitecta e especialista em acessibilidade. Enquanto tal não acontece, a solução pode estar nos fundos comunitários. A partir de amanhã, câmaras e associações de municípios podem candidatar-se, até 14 de Setembro, ao programa RAMPA (Regime de Apoio aos Municípios para a Acessibilidade). Cada projecto pode ser financiado até 300 mil euros, um apoio que vai desde a planificação até à execução da obra, explica Rui Fiolhais, gestor do Programa Operacional do Potencial Humano, que financia este apoio aos projectos que tornem as cidades mais acessíveis a todos.
Em 2008, foram aprovados 58 projectos, que valiam 9,3 milhões de euros. Destes, 47 foram apresentados por câmaras municipais. Foram atribuídos 8,3 milhões para a criação de planos locais de acessibilidade, que têm de estar concluídos até ao final deste ano, porque depois disso o dinheiro deixa de estar disponível. Até agora, só foi executado 21 por cento do montante atribuído.
Mas será que os planos locais vão garantir cidades acessíveis em 2017, como previa a lei? "Não serão suficientes, se não existir vontade política", frisa João Cotim, o primeiro provedor municipal e metropolitano dos cidadãos com deficiência, cargo criado em 2002 pela Câmara do Porto. Esta cidade ainda não tem um plano local de acessibilidade, tal como Lisboa, onde só em Junho foi constituída a equipa que vai elaborar o documento. "Os planos poderão contribuir para que em 2017 o saldo seja mais positivo em termos de acessibilidade", reconhece Lia Ferreira, arquitecta e adjunta do provedor, paraplégica desde os quatro anos. Porém, "corremos o risco de, em vários casos, se limitarem ao que são: planos".
Bons exemplos:
Palmela, Portimão e Vila Real de Santo António são as cidades apontadas por Rui Fiolhais como bons exemplos, na apresentação do RAMPA, anteontem. Palmela tem já um plano de acessibilidade em estado avançado; Portimão inaugurou em Junho a Rota Acessível, um percurso de sete quilómetros pelos principais locais da cidade; e Vila Real de Santo António tem a brigada "passo a passo" para eliminar barreiras.
As três integram a Rede Nacional de Cidades e Vilas com Mobilidade para Todos, que conta com 74 municípios. A rede foi lançada pela Associação Portuguesa de Planeadores do Território em 2003, Ano Europeu de Pessoas Portadoras de Deficiência, e desafiou os municípios a tornarem uma área central do seu espaço público mais acessível, de forma faseada. Dez municípios estão ainda a acabar o projecto.
Mas ainda há muito por fazer, por exemplo, nas universidades. "Quando tirei o curso [na década de 1980], a acessibilidade estava longe dos planos curriculares", conta Jorge Falcato. O Plano de Acção para a Integração das Pessoas com Deficiência e Incapacidades previa a criação até 2009 de um guia de recomendações para incluir as questões do design universal nos currículos das universidades e escolas técnicas. Esse plano tinha 99 medidas. Dezanove continuam por aplicar. Uma delas foi o financiamento de obras em prédios com espaços comuns para eliminar barreiras. O apoio podia ir até aos 3000 euros por habitação, mas a medida não saiu do papel.
Não se sabe quantos edifícios são acessíveis em Lisboa. O Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) é responsável por essa avaliação e tem de publicar anualmente um relatório. Questionado sobre este assunto, o IHRU não respondeu.

http://jornal.publico.pt/noticia/11-07-2010/
    5º Campeonato da Europa INAS-FID
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    Portugal fecha Europeu com chave de ouro


    Terminou hoje o 5º Campeonato da Europa de Atletismo, que decorreu na cidade de Varaždin (Croácia), nos últimos dias, e onde esteve presente a Selecção Nacional de Atletismo ANDDI-Portugal. Continuando a senda de bons resultados obtidos em todo o evento, a última jornada foi caracterizada pelo alcance de 9 medalhas fechando, assim, com chave de ouro a sua participação no evento.


    A estafeta masculina de 4x400mts, constituída por Vitor Pleno, Claudino Matos, António Monteiro e Lenine Cunha, terminou em beleza a competição, ao conquistar a medalha de ouro na prova, com um tempo de 3.34.77s.


    Inês Fernandes e Paulo Pinheiro trouxeram mais duas medalhas de prata para Portugal, no lançamento do peso e nos 3000mts obstáculos respectivamente. Samuel Freitas, nos 800mts, Lenine Cunha, no salto em comprimento, Ricardo Marques no lançamento do peso e Tiago Duarte no 110 metros barreiras fecharam o medalheiro português ao alcançarem mais 4 medalhas de bronze.


    Como consequência do excelente desempenho a nível colectivo, a Selecção Nacional, alcançou, em masculinos, a medalha de ouro e em femininos, a medalha de prata. A destacar, ainda, que Lenine Cunha foi considerado o melhor atleta deste Europeu com 6 medalhas alcançadas (3 de ouro, 2 de prata e 1 de bronze).


    José Costa Pereira, Seleccionador Nacional, afirmou que os resultados obtidos neste Campeonato ultrapassaram todas as expectativas iniciais em relação ao número de medalhas, quer nos homens, que apresentaram uma equipa equilibrada e consistente, quer em femininos, que demonstraram muita união e competitividade, reflectindo-se nos resultados alcançados e na previsão dos primeiros atletas que poderão ser seleccionados para estarem presentes no Campeonato do Mundo do International Paralympic Committee – IPC, que se irá realizar na Nova Zelândia em Janeiro próximo.


    Todas as informações sobre o Campeonato, resultados e fotos disponíveis em http://www.anddi.pt e em http://www.inas-fid.org. 
    Retirados do mercado lotes de Fucidine
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    O Infarmed anunciou, em comunicado, que a firma Leo Farmacêuticos irá proceder à recolha voluntária de alguns lotes do medicamento Fucidine.

    O Infarmed anunciou, em comunicado, que a firma Leo Farmacêuticos irá proceder à recolha voluntária de alguns lotes do medicamento Fucidine. A recolha dos lotes surge após ter sido detectado em várias embalagens a presença de partículas de vidro no interior dos frascos. "A firma Leo Farmacêuticos, Ldª., optou pela recolha voluntária em virtude de se ter detectado, em várias embalagens, a presença de partículas de vidro no interior dos frascos de acondicionamento primário do medicamento Fucidine 500 mg Pó e solvente para solução e perfusão", lê-se na nota divulgada pelo organismo. Desta forma, o Conselho Directivo do Infarmed ordenou a suspensão imediata comercialização dos referidos lotes de medicamento. Fucidine está particularmente indicado no tratamento de infecções da pele e tecidos moles localizadas ou gerais, como furúnculos, piodermites, abcessos, foliculites e feridas infectadas.


    Fonte:Correio dos Açores